Fabiana Beltrame é o nome mais lembrado ao se tratar do remo brasileiro. Ela é a primeira remadora brasileira a participar de Jogos Olímpicos. Casada e mãe de uma linda menina, a família é seu suporte, e garante que as experiências já obtidas ajudam nas competições e desafios. Tais desafios são enfrentados ainda hoje com sua nova dupla e novo barco, o Double Skiff.
Ela competiu nas Olimpíadas de Atenas 2004, no barco Single Skiff. O peso do barco é geralmente 14kg e comprimento de 8,20m. Já o barco atual, no qual compete e competirá em agosto na Holanda pelo Mundial, é o Double Skiff peso-leve feminino, com peso de 27kg e comprimento de 10,40m na parceria de Beatriz Cardoso.
Hoje ela deu uma entrevista exclusiva ao blog em que conta suas dificuldades, desafios e projetos com Beatriz para medalha tanto nas competições classificatórias, como também para os Jogos Olímpicos!
1) Na Copa do Mundo deste ano que aconteceu na França, em Aiguebellette, na primeira prova oficial como 2x, a senhora e sua dupla não foram classificadas, mas no Brasil foram campeãs na mesma modalidade, pelo Flamengo. A que se deu essa diferença?
A diferença de nível não tem comparação. No Rio, vencemos o Campeonato Estadual e na Copa do Mundo, estão os melhores do mundo. Apesar de não termos nos classificado, acredito que o resultado foi muito positivo, foi por pouco que não entramos na final. Estávamos treinando há 3 semanas juntas, por conta de uma lesão que tive, em que fiquei sem remar durante um mês. Acredito que esse barco tem um potencial muito grande.
2) Qual sua opinião sobre a participação do Brasil nessa Copa Mundial, e quais foram as dificuldades enfrentadas?
Infelizmente o nível do remo brasileiro está bem abaixo do alto nível mundial. O remo do Brasil sempre foi muito mal gerido e sem planejamento, e a nova gestão da CBR está tentando colocar a casa em ordem, mas não é um processo fácil. Não temos remadores suficientes para tirar uma seleção de mais qualidade.
3) O barco era novo e ainda passava pela fase de se adaptarem à ele e observar o desempenho na água. Como se dá essa etapa, e o que é observado para ser considerado um bom barco, apto para grandes competições?
Um barco de alto nível precisa de milhares de quilômetros remados para tentar chegar a um desempenho internacional. Acredito que só remando muito juntas, podemos alcançar esse nível, como os europeus por exemplo. Principalmente num barco de conjunto como o double skiff, diferente do slngle skiff que remava antes. Mas acredito que o que mostramos com tão pouco tempo de treino, já mostra como o barco tem potencial e deve ser investido.
4) Como lidaram com pressão e ansiedade pessoais e externas na competição?
Como somos um barco novo, acredito que a maior pressão seja a nossa, de querer mostrar resultado e estar ansiosa por isso. Acreditar que temos um barco competitivo internacionalmente. Acho que a medida que formos memorando nosso desempenho, é que a pressão se tornará maior e vamos ter que lidar com isso, por que faz parte da vida do atleta.
5) Como foi o preparo físico (pois estava lesionada) e o psicológico para grandes competições? O que lhe ajuda nesses momentos de concentração?
Uma semana antes da Copa do Mundo, nem sabia se ia competir. Minha cabeça estava a mil, com várias dúvidas sobre as competições do ano inteiro. Durante quase um mês, fiquei pedalando na bicicleta ergométrica, lutando pra não perder condicionamento físico, foi bem difícil, e acabei perdendo um pouco, por que a bike não é nada específica para o remo, apesar de ser um ótimo complemento. Não temos nenhum acompanhamento psicológico, e acredito que faça muita falta, principalmente nesses dois momentos, de lesão e de competição. Eu só conto mesmo com a minha experiência de anos treinando e competindo.
6) Como estão os preparativos para o mundial na Holanda, em agosto?
Esse é o maior objetivo deste ano. Queremos obter uma boa classificação nesse mundial, por que o mundial do ano que vem é classificatória para os Jogos Olímpicos, e nosso objetivo é conquistar o feito inédito de classificar nessa competição e não no Pré olímpico latino americano. E o mundial desse ano já é uma prévia do que pode acontecer no ano que vem, quando já vamos ter bem mais tempo de treino juntas. Antes disso, ainda vamos competir no Festival Pan Americano, no México, que é classificatório para o Pan do Canadá em 2015.
7) Quais são as expectativas para essa competição? E como vê o entrosamento da dupla com o barco?
Ainda temos muito o que melhorar, tanto fisicamente quanto tecnicamente. O que é muito bom, pois se já estamos fazendo bons tempos agora, temos chances de baixar ainda mais. Aos poucos vamos nos conhecendo no treinamento, na competição e é aso que faz com que o barco tenha cada vez mais conjunto.
8) Como a família e amigos lhe dão suporte nos momentos de tensão pré-jogo?
Meu marido é muito companheiro, faz de tudo pra me deixar tranquila pra treinar e competir, as vezes se torna pai e mãe da nossa filha, para que eu só me preocupe com os treinos. Em algumas competições fora do país, eles vão comigo, o que me dá ainda mais motivação e tranquilidade. Eles são meu porto seguro, a minha equipe de apoio.
9) Há alguma mensagem que gostaria de deixar aos leitores. Algo que queira dizer à eles?
Gostaria de dizer que estou treinando muito em busca de bons resultados, e principalmente da tão sonhada medalha olímpica e que farei o possível pra realizar esse sonho e trazer muito orgulho para todos os brasileiros. Conto com a torcida de todos!!
Beatriz Cardoso e Fabiana Beltrame em competição pelo Flamengo
As brasileiras competiram na França este ano na Copa Mundial de Remo representando, claro, nosso país
Treino de Beatriz e Fabiana na França, na Copa Mundial de Remo
Fabiana e Beatriz, tenham certeza que estamos torcendo por vocês.
Boa sorte, contem sempre conosco!
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Marina Benatti.
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